Embrião inferior, frustração a médio prazo

Para quem sofre a frustração é um expressivo e dolorido sentimento. Aprendi mais sobre esses episódios em telefonema nesse domingo.

Um produtor me conta que adquiriu embriões de animais Girolando F1, meio-sangue, sem se informar melhor sobre os acasalamentos. Preço baixo, grande prejuízo. Sim, tempo é dinheiro. De que adiantou, me diz o produtor, colocar minhas vacas e novilhas de leite para receber embriões se, avaliando as bezerras (agora novilhotas), percebi que perdemos esse tempo? Tentei ainda reduzir o mal-estar lembrando que pelo menos ele comprou embriões com sêmen sexados de fêmeas. Piorou. E quem repõe o tempo perdido?, retrucou. Insisti, tentando valorizar que nenhum processo de reprodução assistida oferece 100% de certezas quanto aos objetivos, pois existe sempre margem importante de falhas mesmo com os melhores embriões. Não adiantou muito. O produtor está mesmo afetado negativamente, sofrido. Depositou esperanças, alimentou a crença de poder ter animais melhorados, atravessou o período de gestações, o acúmulo de assistências aos partos, tratou bem as bezerras como se tratam joias, ou seja, o prejuízo foi também imaterial. Foi um incidente destruidor de sonhos. Quem aspira Gir Leiteiro para fazer meio-sangue deve selecionar bem, com critério, que animais são adequados. Para reduzir o sofrimento eventual de produtores. Não há certezas absolutas nesse processo, mas com certeza existe forma de aumentar as chances de produzir melhores animais. Acho, mesmo, que veterinários e zootecnistas poderiam tentar discutir um compliance para se comprometerem a não transferir embriões se qualificação. Talvez os universitários, que ainda não estão na lida, empregados, se sintam mais à vontade para advogar esse procedimento ético. Embrião ruim aumenta muito o risco de perda de tempo e sofrimentos dos produtores de leite. Minha opinião pessoal é de que deveríamos pensar em como reduzir esses riscos, apoiando o progresso para todos. Bom domingo!