PROPOSTAS EFETIVAS PARA OS PEQUENOS E MÉDIOS PRODUTORES DE LEITE SÃO UMA GRANDE PRIORIDADE

Bom domingo a todos. Insisto no assunto do qual a maior parte das pessoas responsáveis fogem, dissimulam e fingem que tudo já foi feito. Desculpem, não continuem a ler se o tema lhe incomoda ou para Você não merece foco, entenderei perfeitamente. Minha adesão aos heroicos produtores de leite vem da infância, de mais de 60 anos atrás. Frente à varanda da fazenda de meu Avô estava uma praça larga de piso batido, último ponto de coleta do caminhão de leite, na época. Ocorriam pequenos produtores vizinhos levando suas minguadas produções, transportadas em latões, por burricos, charretes, carrocinhas de mão, bicicletas... A maior parte dessas entregas diárias, TODOS os dias do ano era feita por filhos dos produtores, pequenos proprietários, meieiros, etc. Pois bem, vi esses Brasileiros ao longo do tempo se tornarem em grande parte profissionais médicos, dentistas, agronômos, engenheiros, veterinários, arquitetos, professores, além de homens públicos e muitas outras atividades. Ainda hoje no Brasil dezenas e dezenas de milhares de pequenas propriedades que produzem leite pertencem a um profissional liberal que não se desfazem da atividade por respeito à própria história e tentam pagar as contas do seu sítio ou fazendinha com pequena pecuária de leite. Não esqueço aqui de distinguir essa categoria de produtores da agricultura familiar que, precisam e merecem muita atenção, pois estão prooduzindo parte da segurança alimentar do Brasil. Quando um profissional liberal, em muitos Estados, tem sua atividade leiteira ele sabe que a principal e mais frequente atividade para gerar caixa sistemática, mensal, para pagar os funcionários, a energia elétrica, a gasolina ou diesel, etc., etc. é produzir leite, mesmo em pequena quantidade. Embora as bacias leiteiras concentrem a maior produção, a atividade produtiva do leite e queijos é capilarizada, está em quase todos municípios. Não me iludo com a avalanche concentradora das atividades econômicas, movidas por capital e tecnologia. Estamos vendo acontecer a cada dia inclusive nessa que hoje abordamos. O que me pergunto é: devemos cruzar os braços, aceitar um inevitável movimento que ceifa geração de rendas e milhões de empregos? É justo? É inteligente? É bom para o País? Ano que vem teremos uma estridente bajulação dos pequenos e médios produtores de leite pelas campanhas municipais. Grande parte dos candidatos a prefeitos e vereadores vão atrás de votos em municípios onde grande parte dos empregos rurais se deve à atividade leiteira. Eleitos, as demandas são muitas, e muitos se esquecem dos produtores de leite. Observo isso dos meus 78 anos e considero mesmo uma prioridade que os membros da Federação trabalhem juntos para melhor diagnóstico e propostas mais consistentes sobre esses importantes Brasileiros. No caso, o agro não é nada pop.Também não vejam romantismo ou saudosismo nesse texto. Acho que temos hoje ferramentas de gestão pública, tecnologia, maturidade da iniciativa privada que nos dão uma oportunidade única de agir. Sabemos que grande parte dos pequenos podem se tornar médios produtores e boa parte dos médios podem aspirar crescer para a categoria de grandes. O Brasil tem tudo para se tornar o maior produtor de leite e derivados do mundo. Só não vê quem não quer. Que pensa do assunto?

Evandro Guimarães - evandrog44@gmail.com